Lá no bairro onde ele morava a coisa estava ficando feia, isso porque as árvores estavam sumindo, ele só via árvores sendo podadas ou arrancadas se dó nem piedade. Foi aí que ele, antes de escrever um livro, resolveu plantar mais uma árvore. Desta vez ele ia plantar uma jabuticabeira.
Ele passou na casa de mudas e comprou um pequeno pé de jabuticaba. No dia seguinte ele foi plantar a arvorezinha. Ele começou a fazer um buraco bem ao lado da casa dele. Enquanto ele estava lá cavando o buraco à vizinhança, discreta como sempre, toda curiosa começou a fazer um monte de perguntas e a gozar da cara dele.
Uns diziam: Aê Almeida tá querendo achar petróleo heim! Outro comentava: Ele tá querendo fazer concorrência com o Pré-Sal. E desse jeito ele seguia adiante firme na escavação do buraco. As crianças ajuntaram ao lado dele e também começaram a fazer algumas perguntas:
- Tio Almeida o que você está fazendo aí?
- Eu vou plantar um pé de jabuticaba. Respondeu ele.
- Tio, eu gosto muito de jabuticaba. Quando der jabuticaba o senhor vai deixar eu pegar um pouco? O senhor vai me dar pouquinho? . Eu ajudo o senhor a cuidar da árvore. Disse uma garotinha.
- Claro que te dou um pouquinho. E vou gostar bastante de ter a sua ajuda para cuidar da árvore. Quando você perceber que a terra estiver meio seca você joga água nela pra mim ok?.
Papo vem e papo vai o buraco ficou no ponto ideal. Ele colocou um pouco de adubo no fundo e depois colocou a muda e cobriu de terra.
Na verdade aquele simples gesto de plantar uma pequena árvore diante da casa dele foi o suficiente para que os vizinhos ficassem ali conversando e recordando do tempo de criança onde eles escalavam os pés de frutas como: pitanga, uvalha, jabuticaba, ameixa, manga e tantas outras. Todos ali lamentavam muito que a garotada de hoje não tivesse a oportunidade de viver o que eles viveram... Enfim! Pelo menos ele, o Almeida, estava fazendo a parte dele ao plantar aquele pé de jabuticaba.
Entre uma conversa e outra uma menina maior falou pro Almeida:
- Tio Almeida só está faltando regar né?
Nisso veio o Lobo, o cachorro de um dos vizinhos, que era um desses cachorrões amarelos meio sem raça definida. Ele levantou aquela patona e mandou ver. A regada foi tão generosa que fez até espuma.
O Almeida olhou bem para o cachorrão e depois olhou para a menina e disse:
- Bem! Parece que agora não falta mais nada. Com licença! Disse o Almeida. Eu vou lá buscar um pouco de água fresca pra mudinha...
Edilson Rodrigues Silva
