Sempre que possível o pessoal da rua ia levar um pouco de comida para o Maquila. Todo mundo falava que o Maquila é isso. O Maguila era aquilo. O Guarda da rua tinha um carinho todo especial por aquele vira-latas que ajudava ele a tomar conta da rua. Ele era tão querido que ao lado da guarita tinha uma casinha de madeira só para o fiel ajudante.
Quando algum carro encostava-se no meio fio ou embocava numa garagem ele logo ia ao encontro dele para ver se estava tudo certo. Ele olhava, cheirava, se estivesse tudo Ok ele discretamente cumprimentava o morador com um alegre abanar de rabo e um leve sorriso – Você sabia que os cães sorriem? Dê uma olhada mais detalhada na fisionomia dos cães que você vai ver o sorriso de alegria deles - e logo voltava para o seu posto de comando. Era isso o dia inteiro. Podia fazer sol, chuva, nevoeiro, geada... Não importava o tempo, com ele não tinha tempo ruim.
Com o seu colete preto escrito “segurança”, não tinha ninguém que não o respeitasse. Apesar do pouco tamanho ele impunha respeito. E que respeito!
Se algum estranho ousasse passar pela rua ele logo ficava alerta, se levantava e, com o olhar, acompanhava o visitante. Se o desconhecido esboçasse qualquer movimento suspeito ele imediatamente se manifestava e dava um jeito de expulsar os intrusos com latidos bem altos e alarmantes. Rapidinho o estranho ia embora.
Os moradores da rua adoravam o maquila. Sempre alguém levava um agrado para eles, para o guarda e para o Maguila, mas o que o prestativo cãozinho gostava de ganhar mesmo é de ossinho que a dona Marília levava sempre para ele.
Edilson Rodrigues Silva
