Era o horário da ronda da madrugada, diga-se de passagem, é o pior dos horários, principalmente nas noites mais frias. Francamente! Convenhamos, quem é que levanta às 4 horas da madrugada de bom humor.
Voltemos à ronda. Naquele quartel do Exército do Brasil, o sargento tinha que passar pelos postos e ver se estava tudo “Sem ocorrência”. Alguns postos de guarda ficavam em guaritas altas e outros no chão mesmo.
Quando alguém se aproximava do posto da guarda o sentinela exigia a senha que fora dada na reunião da noite anterior. Depois que a pessoa falava a senha o sentinela tinha que dizer a contra senha.
Ao se aproximar de um posto de guarda que ficava no chão junto as viaturas, o sargento, chegou bem devagarzinho, percebeu que o sentinela estava em pé e imóvel. Aproximou-se mais um pouco e nada do homem pedir a senha e nem mesmo esboçar um mínimo movimento que seja. Logo o sargento imaginou que aquele soldado poderia estar dormindo em pé. Dormindo em pé? Sim, isso mesmo! Dormindo em pé! Sabe como é soldado é uma espécie muito criativa e habilidosa é capaz de qualquer coisa para se dar bem.
Agora, com passos mais curtos e silenciosos o sargento chega bem perto do soldado e diz baixinho para ele:
- Soldado! Esta dormindo?
O soldado no mesmo instante desperta e se da conta de que foi pego em flagrante e isso era muito mal, pois tal fato poderia custar a ele uns dias bons de prisão no quartel. De uma maneira muito criativa, como o próprio sargento falou, ele improvisou:
- Chiiiiii! Sargento, quieto! Silêêêêncio! O senhor está ouvindo?
- Ouvindo o que homem?
- Este som estranho sargento. Será que ele vem daqui do quartel ou é da rua? Escute bem sargento? Já estou aqui concentrado há mais de meia hora tentando descobrir de onde vem esse som estranho. Que bom que o senhor está aqui, agora o senhor pode me ajudar.
Edilson Rodrigues Silva
