- E então? Lá no local do roubo, você conseguiu encontrar alguma prova? Perguntou o delegado ao investigador.
- Doutor! Infelizmente não encontramos nenhuma prova importante. Entretanto... Por favor, não estranhe! Olha só o que encontramos lá na casa da vítima. Comentou o investigador.
- Uma dentadura! Estranhou o delegado. Você está brincando comigo? Perguntou o delegado.
- Não senhor! É isso mesmo que o senhor está vendo. Essa dentadura nós encontramos lá no local do assalto. Reafirmou o investigador.
- Cara! Eu não acredito! Será que algum funcionário esqueceu isso lá? Será que isso aqui era do ladrão que estamos procurando? Não é possível! Como será que alguém pode perder a própria dentadura? Ainda mais no meio de um assalto. Se isso aconteceu mesmo é bem capaz que o cidadão estivesse mais cheio de álcool que o alambique do Seu Jorge. Como é que pode alguém fazer uma coisa assim? Comentou o chefe.
Enquanto o delegado e o investigador ainda estavam ali comentando sobre o inusitado caso o escrivão de polícia entrou na sala. Assim que o escrivão viu aquela prótese ele logo a identificou.
- Ei! O que é que vocês estão fazendo com o sorriso do Jurandir? Perguntou o escrivão.
- Jurandir! Quem é o Jurandir? Perguntou o delegado.
- Jurandir é um rapaz que de vez em quando freqüenta o bar do Zeca. Às vezes eu o vejo ali. Disse o escrivão.
- Muito bem! Parece que já temos alguma pista de como encontrar o cara que perdeu o sorriso. Será que quando encontrarmos o rapaz também encontraremos o ladrão? Perguntou o delegado ao investigador.
- Só vendo Doutor! Só vendo! Comentou o investigador.
Ambos saíram à procura do Jurandir. Ao se encontrarem com ele, como era de se esperar, o homem estava com a boca mais murcha que maracujá velho.
O investigador e o delegado o interrogaram e, com a clara intenção de reaver a prótese dele, o suspeito acabou confessando o delito. Entretanto o delegado frustrou as esperanças do criminoso porque ele não poderia jamais dar ao meliante a única prova realmente importante que a equipe de investigação havia encontrado na cena do crime.
Foi assim que o Jurandir, com a boca mais vazia que conta bancária de pobre, foi parar atrás das grades. Isso pra ele aprender a não roubar mais nada de ninguém e também para aprender a cuidar muito bem daquilo que é seu.
Edilson Rodrigues Silva