Ele não podia perder aquela viagem por nada. A empresa já havia marcado aquele curso meses atrás. Foi uma decisão difícil, pois uma balada na casa do Vilela não era coisa de se deixar passar em branco.
Valeu à pena. A balada foi da hora, mil gatas e coisa e tal... Hora de passar em casa fazer uma mala básica e picar a mula pro aeroporto. Destino: Copacabana, Rio de Janeiro.
Como ele estava preocupado com esse negócio de horário e de atraso de avião ele resolveu chegar mais cedo. O esquema era o seguinte: ele iria ao banheiro, fazia umas operações secretas lá e depois fecharia um pouco o olho para descansar.
Ele entrou no banheiro, foi para um dos boxes e, como era bem cedo e estava tudo relativamente tranqüilo, ele logo pegou no sono. Mais tarde ele foi despertado por um barulho super estranho. Era alguma coisa andando e fazendo um som que não lhe era desconhecido.
De imediato ele estranhou o barulho e abaixou para ver o que era que estava causando aquele som. Sem entender nada ele, ao observar aquele par de sapatos de salto alto circulando prá lá e prá cá, logo imaginou que a mulher tinha errado de casinha. Eu vou dar mais um tempinho e depois que essa mulher for embora eu também vou porque já ta na minha hora. Pensou ele.
Prá quê. Não deu nem dois minutos entraram no banheiro duas faxineiras:
- Você viu que imundice é aquele banheiro dos homí. Eita! Bando de homí porco eles faz tudo no chão. Aqui é melhor de limpar as muié são mais limpinhas e jeitosinhas... comentava uma mulher com a outra.
Já estava no horário dele fazer o check-in e ele não poderia esperar mais. Ele já sabia. Ele é que tinha entrado no banheiro das mulheres. Entrar até que não foi difícil, mas sair estava exigindo dele a melhor estratégia. Ele pensou, pensou.
E depois de instantes...
De lá de dentro de um dos boxes saiu uma mulher estranha com uma calça e uns panos enrolados no corpo e na cabeça.
- Vixe! Ocê viu isso Lia. Cê viu que muié isquisita? Deve di sê dessas muié que veve desfilando aqui e alí. Qui ropa isquisita! Otro dia eu vi uma dessas lá na televisão, era daquelas coisas chique lá da França...
Edilson Rodrigues Silva