O
homem estava economizando dinheiro e pessoal de casa logo pensou que aquela
quantia que ele estava guardando com tanto gosto seria destinada para comprar
um carro novo para a família.
Depois
de um tempo fazendo a tal da poupança o homem, enfim, se reuniu com a esposa e
com os filhos e resolveu comunicar solenemente qual era a razão dele estar poupando
aquela grana.
-
Pessoal! Eu resolvi investir na eternidade. Ele disse isso e não deu mais
detalhes sobre o assunto. O pessoal ficou com a pulga atrás da orelha. Com a
pulga não, eles ficaram mesmo é com o cachorro inteiro.
Os
familiares levaram um baita susto e logo pensaram que o homem tinha ficado
pancada da cabeça já que o patriarca jamais havia dado atenção para essas
coisas do espírito.
Bem
que o pessoal da rua estava dizendo que o cidadão estava muito estranho nos
últimos tempos. Os colegas já tinham alertado. O homem não estava mais falando
coisa com coisa Ele estava com muitas ideias de morte e vida eterna. Os amigos
mostravam-se cada vez mais preocupados com o estranho estado do velho e antigo
camarada de dominó.
Um
velho companheiro até fez algumas suposições dizendo que talvez o velho amigo
tivesse sido convertido por alguma religião ou seita. Outro completou:
-
É preciso tomar cuidado, pois atualmente existem muitas ovelhas que no fundo
são lobos maus e ferozes.
E
assim foram muitas e muitas especulações sobre o novo estado do velho
companheiro. Tudo se revelou perto do aniversário dele. Vendo que todos estavam
muito curiosos sobre o assunto ele resolveu acabar com todo aquele mistério e
revelou a todos que ele estava guardando o dinheiro para poder comprar um
terreno ou jazigo no novíssimo cemitério dos corintianos.
Essa
brilhante ideia ele teve logo depois que ele ouviu na TV os primeiros
comentários de que o tradicional clube paulistano estaria estudando a
possibilidade de fazer um cemitério exclusivo para a apaixonada torcida já que
muitos torcedores e participantes do grande bando de loucos se diziam
corintianos até morrer.
Ele
logo viu ali a possibilidade de não só morrer, mas também de continuar com o
curingão também na eternidade.
Edilson
Rodrigues Silva