O bem-te-vi e a estudante – Crônicas do cotidiano



Ela concordava plenamente com os especialistas que diziam que um dos melhores horários para estudar era logo nas primeiras horas depois que a pessoa acordava.
Para ela essa recomendação também era muito adequada. Ela adorava estudar na parte da manhã.
Depois do café da manhã ela abria a janela e deixava entrar a motivadora claridade matinal que sempre vinha acompanhada da grande e maravilhosa sinfonia, não só da cidade, mas principalmente dos muitos pássaros que moravam perto da casa dela e que vinham diariamente passear nos galhos largos e acolhedores de um lindo flamboyant vermelho que ficava bem em frente à janela do quarto dela.
Ali, em meio às complicadas operações matemáticas, exercícios de literatura, redação e interpretação de textos, ela sempre tirava um tempinho para apreciar o canto e a beleza dos pássaros que vinham ali enfeitar ainda mais os galhos frondosos do espalhafatoso Flamboyant.
Mesmo quando ela estava bastante concentrada nos estudos ela não deixava ouvir e nem tampouco ser tocada emocionalmente por toda aquela variedade de sons e cantos dos inúmeros pássaros que passaeavam por ali.
Ela tinha reparado que, já fazia bem uns trinta dias que, vira e mexe vinha um bem-te-vi cantar bem alto e forte junto à janela dela. Isso a ave fazia diariamente. Isso durou mais ou menos uns quatro meses. Depois de uma temporada o pássaro sumiu. Ela sentiu falta do canto potente dele. Ela pensou até que a ave tivesse morrido.
Depois de mais ou menos um mês sumido o bem-te-vi voltou. Para a surpresa dela ele não voltou sozinho. Ele estava muito bem acompanhado da sua parceira. Agora o canto era em dobro e a agitação também. Os dois passaram a voar para cá e prá lá procurando galhos e fibras para fazerem o ninho que, para a alegria dela, eles escolheram fazer no galho que ficava bem mais pertinho da janela dela.

Edilson Rodrigues Silva

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