O baleiro da venda do seu Manoel era a perdição da criançada. Quando a mamãe ia até a venda dele e levava alguma criança era prejuízo certo para ela e lucro garantido para o patrício.
Ele como bom comerciante que era deixava o baleiro logo na entrada e bem perto do caixa, assim como é nos dias de hoje. Tem coisa que não muda muito. A gente pensa que é alguma coisa ou técnica nova e na verdade é coisa do tempo da vóvó. Como o baleiro ficava próximo ao caixa era comum o troquinho com balas, coisa que alguns comerciantes ainda praticam.
O mais legal nos baleiros do Seu Manoel é que eles eram de vidro com aquela tampa larga, tinham três andares, sendo uns cinco baleiros por andar. Era muita bala gostosa e colorida. Como era bom subir no caixote, colocar a mão lá e tirar um montão de bala.
Se um baleiro já era bom, imagina três. Era muito bom sair com a mamãe, ir ao açougue, a farmácia, a feira... Era muito bom mesmo. Mas o ponto alto do passeio era, na volta, Passar na venda do Seu Manoel antes de voltar para casa, encher o saquinho de papel marrom com muitas e deliciosas balas e depois comer uma após a outra.
Edilson Rodrigues Silva