- Nossa que carro bonito. Disse a mãe
do moço.
- É isso aí mãe! Esse é o meu primeiro
carango. Disse o jovem todo animado e orgulhoso com o fusquinha que ele tinha acabado
de comprar.
- Ele me lembra um fusca verde que o
Seu Clemente tinha há uns anos atrás. Ah!...O Seu Clemente. Ele era tão legal. Há
tanto tempo que eu não o vejo. Ele e nem a comadre Alzira. Não sei se você se
lembra? Eles moravam naquela casa branca ao lado da venda do seu Isidoro.
Aquilo que era vizinho. Então?...Como eu estava dizendo o fusca verde dele era
um estouro viu.
- Um estouro mãe!...Era o quê?...1300?...1500
ou 1600?...Era turbinado?
- Não sei se era isso aí que você
falou. Eu só sei que o carro do compadre era um estouro. Ele estourava no
açougue, no mercado, na padaria, na farmácia e não perdoava nem mesmo quando
ele passava na frente da igreja.
Até hoje eu lembro... Certa vez ele ia
passando em frente ao ponto de ônibus quando o carro dele deu cada estouro que o
povo todo que estava ali esperando a condução entrou naquele pânico. Pra você
ter uma idéia teve gente que até se jogou ao chão pensando que era coisa pior.
Foi uma cena muito engraçada. Quando o compadre vendeu aquele fusquinha ele
disse que depois de um tempo todo mundo ainda perguntava onde estava “O bazuca”. Era
assim que o pessoal tinha apelidado o silencioso carrinho dele.
Edilson Rodrigues Silva