O marido sempre falava: Ô mulher você vai à feira de salto alto de novo. Coloque um tênis ou uma sandália, que mania besta é essa de sair sempre embonecada desse jeito, você vai à feira e não no shopping.
Mas não adiantava não. Ela gostava de usar salto alto em qualquer ocasião. Ela era daquelas mulheres que têm a opinião de que as mulheres devem sempre estar lindas e elegantes não importava o lugar e nem onde ela estivesse. Esse negócio de só passar um batonzinho e pegar a bolsa não era com ela não. Com ela tinha que ter produção, podia ser pouca, mais tinha que caprichar no visual. O Sato alto então era complemento do seu corpo. Podia ser um saltinho, saltão, ou inda um salto tipo plataforma, não importava o modelo desde que fosse um salto alto estava tudo bem e, indispensável, tinha que ser sexy e chamativo, pois o que ela gostava mesmo era isso: Chamar a atenção!
Ela e o marido estavam lá fazendo a feira, sacola na mão e outros sacos nos braços. Ela levava uma sacola e na outra mão uma meia melancia. Ela não percebeu e pisou numa casca de cebola destas bem grandes, ao pisar ela escorregou e dobrou o tornozelo, não chegou a torcer o tornozelo, mas o salto quebrou e foi o bastante para ela cair, quando ficou sem o equilíbrio , na tentativa de não cair no chão com tudo, ela agarrou-se na lateral da barraca de legumes, bateu a cabeça na bancada e agarrou a toalha de plástico que era usada para forrar a bancada da banca. foi bacia de quiabo, inhame, pimentão, abobrinha e mandioquinha voando para tudo quanto é lado.
Como se não bastasse o prejuízo porque ela teve que pagar o estrago, ainda voltou para casa a pé levando em uma das mãos um pé do salto alto que havia arrebentado e o outro que estava normal.
Uma coisa ela consegui: chamou bastante atenção. Se chamou!
Edilson Rodrigues Silva
