Aos finais de semana, eles adoravam se reunir na casa do Pereira, o irmão mais velho da família. Desde muito jovens eles tinham este hábito que foi passado pelo pai deles que também adorava ver a casa cheia de pessoas. O velho Pereira adorava ver os filhos reunidos, em paz, na amizade e com muita alegria.
O que eles mais gostavam de fazer era conversar e comer o delicioso churrasco que só o Pereira sabia fazer. Alguns anos atrás o Pereira tinha trabalhado numa churrascaria gaúcha, antes disso ele que já sabia fazer um bom churrasco, depois que ele trabalhou lá, ninguém mais agüentou o convencimento do cara, o churrasco dele ficou muito bom mesmo, ficou incomparável. O cara virou uma fera nesse negócio de churrasco, e ele sem modéstia nenhuma falava:
- Se o meu churrasco já era bons agora vocês vão ter que me engolir, engolir não, me saborear e ver o que é um legítimo churrasco gaúcho. Essa churrasqueira veio direto de Porto Alegre, foi um presente do meu amigo Juvêncio. Enfim, ele não se cansava de gabar-se das suas qualidades e coisas e tal.
A turma toda estava lambendo os beiços de tanta fome, as crianças, os adultos, os idosos, os vizinhos, os gatos e os cachorros também. Todo mundo estava lá esperando pelo churrasco que já estava castigando não só os presentes, mas também o bairro inteiro.
Quando os espetos estavam bem dourados e no ponto para serem servidos, à churrasqueira nova do Pereira sofreu um atentado. O ataque veio dos ares, foi cruel. Foi espeto voando para todos os lados, Vupt! Passava um espetinho de frango aqui, Vapt! Subia outro de lingüiça ali.
Um enorme abacate, do tamanho de um melão, caiu feito uma bomba bem no meio da churrasqueira, a grelha e toda a nova churrasqueira do Pereira foi seriamente avariadas pelo ataque do inesperado fruto.
Acho que o Senhor abacateiro está reclamando do calor perto do seu tronco. Disse uma das crianças. O Pereira, decepcionado com o terrível atentado, teve que continuar o tradicional churrasco com a churrasqueira velha. E agora um pouco mais distante do irritado Senhor abacateiro.
Edilson Rodrigues Silva