Ele era um excelente cobrador de faltas. Sem modéstia nenhuma ele se gabava de conhecer como poucos os mistérios da Jabulani. Enquanto os outros jogadores viviam reclamando que a bola era isso que a bola era aquilo ele não perdia tempo com murmurações.
Sempre que ele cobrava uma falta era perigo na certa. Ele, com todo o carinho do mundo, pegava a gorduchinha dava um beijinho nela, ajeitava e depois batia nela com muito estilo e veneno. Quando ele cobrava uma falta à bola fazia tantas evoluções que não havia goleiro que conseguisse acompanhar os maravilhosos efeitos que ele conseguia dar na pelota.
O clássico estava pegando fogo. O empate era muito ruim para o time dele. O time dele precisava a todo custo dos valiosos três pontos.
- Priiiiiiiii! Priiiiiii! O juiz marcou uma perigosa falta contra o gol adversário. Ele logo pegou a rechonchuda e com todo carinho beijou-á e a abandonou suavemente em cima de um tucho de grama bem fofinho. Pegou uma distância à Roberto Carlos, correu, correu e quando foi a hora de dar o chute saiu um chutinho bem mixuruca.
O goleiro adversário, feito leopardo voou e, para a surpresa dele, agarrou sem maiores dificuldades aquela bola que havia sido batida bem fraquinha. Ninguém acreditava no que eles tinham acabado de ver. Onde já se viu numa partida decisiva como aquela ele dar um chutinho fraquinho daquele. Alguns torcedores reclamaram:
- Que chutinho mixuruca esse heim! Essa falta até a minha irmã cobraria melhor!
- Ô chutinho sem vergonha esse daí, até o meu sobrinho de oito anos batia melhor do que isso!
Um colega dele perguntou:
- Cara! O que aconteceu? Você mandou de graça pros caras uma bola importante como aquela. Pô meu! Essa era a hora de você colocar na bola o seu melhor efeito. Disse o colega.
- Cara fica na manha! Espera só até o goleiro bater a bola no chão. Calmamente disse o grande cobrador de faltas.
Edilson Rodrigues Silva