- Bom dia minha senhora. Disse o
homem.
- Bom dia. Respondeu a mulher.
- Senhora, desculpe-me incomodar:
Trabalho como camelô lá no largo e gostaria de falar com o Oliveira. Disse o
homem.
- O Oliveira não está. Ele é meu
filho. Eu posso ajudar? Perguntou a mulher.
- Ah! A senhora é a mãe do Oliveira?
Que ótimo! A senhora pode me ajudar sim. Será que a senhora pode me pagar os
500,00 reais que ele está me devendo? Perguntou o vendedor.
- Moço! O senhor me desculpe, mas eu
não costumo me intrometer nos negócios do meu filho.
- Olha senhora! Já faz mais de três
meses que eu estou tentando receber o meu dinheiro. A senhora avisa pro
Oliveira que isso não vai ficar assim não. Eu não sou homem de ser passado para
trás. Muito nervoso, protestou o vendedor ambulante.
- Moço! Calma! O senhor precisa ter
mais amor no coração. Vai com calma. Moço deixa essa divida pra lá. Perdoar é
algo muito nobre. Deixa de lado esse negócio de violência. Isso não leva
ninguém a lugar nenhum... Com serenidade e muita calma a mulher procurou
tranqüilizar o exaltado vendedor.
Alguns meses depois:
- Amiga! Você me desculpe pelos
buracos na minha calçada. Espero que a sua mãe não tenha se machucado muito. É
como eu estou dizendo para você. Eu já paguei o pedreiro para que ele viesse
aqui arrumar essa calçada. Já faz três
meses que ele ficou de vir aqui fazer o serviço, e nada. O sem vergonha não
apareceu para terminar o trabalho. Ele começou e deixou tudo aí. Esse pessoal é
fogo. Reclamava a mesma mulher que meses antes havia dito aquelas lindas
palavras para aquele camelô que viera até a casa dela cobrar o dinheiro que o
filho dela devia a ele.
Continuou a mulher:
- Mas isso não vai ficar assim
não. Esse pedreiro cara de pau vai se
ver comigo. Eu sei onde ele mora. Eu sei onde a irmã dele mora. Ele vai ver.
Vou cobrar dele e de toda a família dele. Disse muito irritada a mulher que
havia contratado o serviço do pedreiro.
Vendo que a mulher tinha ficado muito
nervosa com a situação, a amiga que estava ali para reclamar dos buracos na
calçada, tentou colocar panos quentes naquela desagradável situação:
- Calma amiga! Não precisa ficar
nervosa desse jeito. Não adianta nada esse negócio de ficar aí brigando e se
estressando por pouca coisa. Acho que é melhor você relevar e deixar esse
pedreiro para lá. Comentou a amiga da senhora.
- O quê? Deixar para lá! Pêra aí!
Comigo não minha filha! Nem pensar! Eu vou incomodar a irmã, o irmão, a mãe, o
pai, o papa o presidente. Esse pedreiro picareta vai ver. Ele vai se arrepender
de ter dado o golpe em mim. Ele não perde por esperar... Calmamente comentou a
resignada e piedosa senhora
Edilson Rodrigues
Silva