O ano novo tinha sido a mesma chatice de sempre. Aquela barulheira dos fogos e a mesma gritaria das pessoas. Ela achava tudo aquilo uma verdadeira bobeira, pois o mundo começava o mesmo mundo de sempre, e a vida continuava a mesma vida chata de sempre. Ô gente boba! Todo ano era a mesma ladainha. Nada mudava. Pensava ela.
Quando foi no dia seguinte todos acordaram mais tarde. Aliás, o mundo acordou mais tarde. Ela olhou pela janela e não viu viva alma pela deserta rua. Mais tarde a irmã a convidou para irem almoçar no sítio de uma colega de trabalho. Como ela não tinha nada para fazer, e o sítio da colega de trabalho da irmã não ficava muito longe, ela resolveu acompanhar a irmã.
Ao chegarem ao sitio, depois dos cordiais cumprimentos e saudações à Dona da casa, a mãe da colega da irmã dela, convidou-as moças para um passeio pelo belo pomar.
Ela não conseguia esconder a alegria de estar andando em meio à natureza, ela adorava as plantas e as flores. Quando ela chegou ao pomar ela ficou impressionada com a beleza de um pé de uva que estava carregadinho. Ela nunca tinha visto uma parreira e por isso ela ficou encantada com aquela linda planta cheia de frutos.
A dona da casa convidou as garotas para irem com ela colher um pouco de uvas para que elas pudessem levar para casa. A colega da irmã a ensinou a cortar os cachos e logo todos começaram a colher os deliciosos frutos.
Assim que ela olhou aquele belo cacho de uvas ela foi tentar pegá-lo. Por causa da altura ela viu que a tarefa ia ser um pouco mais difícil do que ela imaginava. Ela resolveu subir num pedaço de troco de madeira que estava ali perto. Assim que ela subiu no pedaço de madeira ela desequilibrou-se e acabou torcendo o tornozelo. Na hora, ela sentiu fortes dores e começou a reclamar muito. A mãe da colega da irmã logo pediu que alguém fosse chamar o sobrinho dela o Pedro Henrique.
Calma filha! O Pedro Henrique já está vindo ele é o meu sobrinho. Ele é médico lá da Santa Casa. Fique calma que tudo vai ficar bem. Disse a Dona da casa.
Quinze minutos depois, de bermuda e tênis, chegava o Doutor Pedro Henrique. Ele olhou e viu que a moça tinha torcido o tornozelo e que esse já estava ficando inchado. Embora a garota estivesse sentindo fortes dores o doutor logo descartou a possibilidade de fratura, mesmo assim ele a carregou no colo e a levou para o carro dizendo que tinham que ir até a Santa Casa para fazer uma radiografia.
Mais tarde, já medicada e com o tornozelo enfaixado, a irmã dela percebeu que a garota, que antes estava meio amargurada com a vida, achando tudo uma chatice já estava com um sorriso muito diferente. A irmã percebeu que ela estava com uma cara bem parecida com aquela cara de bobo dos apaixonados.
Quando foi à noite a cara de bobona dela não só se confirmou como aumento bastante quando o Doutor Paulo Henrique ligou. Depois da ligação a garota era só suspiros e a própria felicidade em forma de pessoa. Ah! Este ano começou muito bem! ...muito bem mesmo. Dizia ela. Mal sabia ela que aquele ano não só iria começar bem como terminar também de forma maravilhosa, pois antes mesmo daquele ano terminar eles já estavam casados.