A vida dele estava muito legal. Tudo estava dando certo tanto no profissional quanto no pessoal. Como o povão fala: Estava tudo beleza! Às mil maravilhas!
Pois é! Muita gente por aí não gosta de ouvir que a felicidade dura pouco. Mas lamento informar que isso é a mais pura verdade. Em se tratando de pobre então, ela dura menos ainda. Esse foi o caso do nosso amigo.
Tudo aquilo que na vida dele estava mamão com mel começou a mudar repentinamente. A vida dele já não era mais tão suave e leve e nem tampouco agradável e doce como outrora. As amarguras e os dissabores se acentuavam dia após dia e a tristeza só fazia crescer.
O sonho dele sempre foi fazer um gol de bicicleta. Ele já havia tentado muitas e muitas vezes. Na pelada daquele final de semana ele tinha certeza que faria esta obra prima do futebol, pediu até para gravar já pensando em mandar a pintura em vídeo lá para o Tadeu Schmidt colocar no quadro Bola Cheia e Bola murcha da Rede Globo. Não deu certo. Na tentativa de fazer o gol espetacular ele acabou arrumando uma fantástica fratura no braço.
Depois da contusão na trágica pelada do final de semana a próxima tragédia não tardaria. O seu querido chefe, muito constrangido e emocionado, disse que ele era um profissional muito bom para aquela simples empresinha e que resolveu liberá-lo para que, ele um excelente funcionário, pudesse encontrar novos e interessantes desafios.
- Mas, senhor ! eu não quero ser liberado! Não quero desafio nenhum, eu estou legal! Disse ele na tentativa de salvar o seu emprego.
- Não, meu jovem! Você deve pensar grande. Não seja menor, não me perdoarei jamais por estar atrapalhando a sua brilhante carreira. Vá ao encontro do seu destino. Seja feliz! Disse o emocionado e preocupado chefe. Depois o demitiu.
Agora, cheio de novos desafios e com a conta do carro, do apartamento, da escola dos filhos e tantas outras coisas para pagar ele seguiu em frente. Tentou resistir, tentou se motivar diante dos novos desafios... Ele já estava odiando essa palavra: Desafio. Foi quando do nada chegou para morar com ele a mãe, o pai, a irmã solteirona, dois cachorros e um papagaio. Tudo isso porque a casa onde os parentes dele moravam estava correndo risco de desabar. Ele, como era a generosidade em pessoa não poderia desamparar os seus.
Como desgraça pouca é bobeira...
- Perá aí! Pode paraaaaar! Protestou o até então abatido personagem.
- Ô seu escritor de meia tigela, que história é essa? Será que não dá para o senhor pegar leve não? A minha situação já tá prá lá de preta e vem você querendo detonar tudo de vez. Manerá aí meu! Cadê a criatividade? Cadê o bom humor , a vida boa e feliz? Você está com algum problema? Eu acho que você não está legal. É ou não é meu querido leitor?
Francamente! Continuou o revoltado personagem. Por favor, meu amigo (a) leitor (a) dá uma força aí e fala para esse escritorzinho fajuto voltar lá para a parte do “ Estava tudo beleza” ou “Às mil maravilhas” que é bem mais agradável, tanto para mim quanto para você. É ou não é querido amigo (a)?
Francamente! É cada um que me aparece. Completou o inconformado personagem.
Edilson Rodrigues Silva