Como ela não conseguia sair da firma no horário comercial por causa de trabalhos inadiáveis, ela estava levando com a barriga a renovação da carta e o licenciamento do veículo. Completamente errada, mesmo com a carta vencida e sem licenciar ela pegava o carro para levar as crianças para a escola e às vezes para umas comprinhas nas lujinhas.
Aquilo não poderia ficar daquele jeito por mais tempo, ela precisava arrumar a situação porque se aparecesse uma emergência ela tinha que estar em condições de dirigir não dava para ficar só dependendo do marido. Pensava ela.
Um mês, dois meses... O tempo foi passando e nada dela renovar a carteira de habilitação e nem de licenciar o carro no Detran. Para complicar, o carro começou a dar problemas era um tal de parar de repente por causa da bomba de gasolina, parar por causa disso, parar por causa daquilo. Até o ponteiro que marca o nível de combustível não queria sabem mais de trabalhar. O carro tava mesmo é precisando de oração. E oração forte! Que fase!
Sábado à tarde a mãe dela pediu para que ela pegasse uma encomenda num grande shopping Center da zona oeste, como o seu marido estava trabalhando ela teve que pegar o carro, não teve jeito. Dizem que quando a situação está ruim para piorar não custa muito. Dito e feito! Foi exatamente o que aconteceu. O bendito do carro, para o azar dela, resolver empacar bem na Avenida Sumaré, uma avenida de grande movimento. Com a ajuda de populares ela conseguiu encostar o carro junto á calçada.
Ela ligou para a seguradora e esta ficou de enviar um mecânico. Enquanto ela estava esperando o socorro quem aparece lá? Quem? O Agente da C.E.T (Companhia de Engenharia de Tráfego).
- Senhora, algum problema? Posso ajudá-la?
Ela imediatamente pensou: E agora? Carteira de habilitação vencida, carro sem licenciar, e, com a sorte que ela estava, provavelmente o carro tinha parado por falta de gasolina. O que dizer para o homem? Ela já estava vendo o carro sendo guinchado e também já estava sentindo a dor e o impacto da volumosa quantia em dinheiro que ela teria que pagar por conta da super-multa que ela iria receber se não fizesse algo urgentíssimo.
- Sabe seu Agente marronzinho, eu não sei o que aconteceu com o carro. Eu acho que ele está de mal comigo. Depois que eu falei para ele que ele seria trocado, todo dia é isso aí, ele empaca, não quer andar, não quer funcionar de jeito nenhum eu tenho que passar essa vergonha. O senhor acredita que os carros também têm sentimentos? O senhor sabe que uma colega minha até conversa com o Fox dela... O senhor acha que devemos conversar com os carros? O senhor conversa como carro do senhor?
- A senhora acredita mesmo nisso? Perguntou o Funcionário da CET.
- Sim acredito! O senhor sabe que há mais mistérios... E ela, dessa forma, foi só enchendo lingüiça e enrolando o agente de trânsito até que:
- Olha! Seu marronzinho o mecânico da seguradora chegou! Ai! Ele chegou! Ele não é lindo! Ela deu um abraço afetuoso no agente de trânsito e agradeceu por ele ser tão prestativo:
- Obrigada seu Agente marronzinho! O senhor é um verdadeiro anjo, se o senhor não me ajudasse a minha situação teria ficado muito complicada.
- Ah! Senhora não foi nada não...
- Seu mecânicooooo! Aquiiiiii!
Edilson Rodrigues Silva
