Futebol - Oliveira o Pé Frio - Cronicas Engraçadas e Textos Engraçados


Ele já não sabia mais qual desculpa dar para o Oliveira. Ele Já tinha inventado que a casa dele ia ser reformada, que o vizinho estava reclamando muito do barulho que vinha da casa dele, que a mulher estava com uma depressão muito violenta e que ás vezes ela tinha violentas crises de agressividade, falou até que o cachorro deles tinha ficado uma temporada com o Pitt Bull do vizinho, fato esse que  tinha afetado, e muito, a personalidade calma e a amabilidade do velho cãozinho que ele conhecia, e que por causa disso ele já não era mais o cachorrinho gracinha que um dia ele tinha conhecido. Sabe o que adiantou tudo isso? Nada!...Nadinha de nada! 
O amigo queria por que queria assistir aos jogos do Brasil na copa lá na casa dele.
Não por causa dos deliciosos tira gostos que a esposa dele fazia, e sim, por era muito legal assistir aos jogos com ele. Aquilo sim que era torcedor. Ele gritava, pulava, fazia movimentos com o corpo como quem queria fazer a bola se mover. Ele não torcia somente. Ele participava ativamente de todas as jogadas. Era como se ele estivesse jogando também, definitivamente, ele era o camisa doze.

A conquista da taça libertadores e do mundial do japão pelo Corinthians tinha sido à gota d’água. Ele, um são paulino de longa data, havia prometido para si mesmo que, na casa dele, uma tragédia daquela nunca mais se repetiria. Nunca mais. 
Agora ele tinha arrumado a desculpa perfeita: ele ia dizer para o indesejado Oliveira que ele estava fazendo um trabalho voluntário numa ONG que assistia aos presidiários e que o pessoal de lá, bandidos da mais alta periculosidade, pessoal barra pesada, havia chamado ele para assistir aos jogos com eles.
A jogadinha não deu certo! O amigo disse que, assim como ele estava fazendo, ele, o amigo, sempre tivera esse mesmo sonho de fazer alguma coisa pelos irmãos mais necessitados e, de preferência, num trabalho voluntário como aquele lindo e maravilhoso que ele estava fazendo. 
Aproveitando a oportunidade, será que eu não poderia acompanhá-lo nos jogos do Brasil? Perguntou o insistente Oliveira.
Agora ele estava numa sinuca de bico e não lhe restou alternativa a não ser usar uma arma mortal: a sinceridade.

Olha Oliveira, eu gosto muito de você, mas assistir jogo com você só se você instalar um botão de degelo. Jogo da seleção na copa do mundo então, Nem a pau Juvenal! Nem pensar! Nem se você fosse uma Brastemp com degelo automático...Vai ser pé frio assim lá na sibéria.

Edilson Rodrigues Silva

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