-
E não tem um torresminho não? Perguntou a colega da recepção.
-
Claro que tem! Onde já se viu uma bela feijoada sem o tradicional e saboroso
torresminho. Feijoada sem torresminho não é uma feijoada, pode ser qualquer
coisa, menos feijoada. Desculpe-me foi
uma falha imperdoável.
Nisso
aproximou-se dos colegas outro colega que trabalhava na contabilidade:
-
Vocês viram o Seu Osvaldo por aí?
-
Não. O Osvaldo não passou por aqui não.
Respondeu o colega do RH.
-
E aí gostou do Tricolor ontem? Foi um show. Comentou o colega da contabilidade.
-
É! Foi mais ou menos. Na verdade o seu time só ganhou porque o juiz,
erradamente, expulsou o camisa oito, caso contrário era capaz de
vocês perderem....Vem cá! A gente estava falando de feijoada, couve refogada,
torresminho... E aí você gosta? Que tal a gente ir na quarta feira almoçar
naquele restaurante que o Fábio falou que tem uma feijoada de fazer a gente
parar no hospital? Perguntou o funcionário do RH.
-
Feijoada de parar no hospital? Ufa! Agora você me assustou. Você me fez
recordar uma cena meio chata que aconteceu comigo justamente por causa de uma
feijoada. Eu passei uma vergonha danada e acabei parando no dentista. Comentou
o colega da contabilidade.
-
No dentista? Estranho!...O que aconteceu?
-
Hoje, só de lembrar eu já dou risada, mas no dia eu passei uma baita vergonha.
Eu tinha uma namorada do colégio que um dia me convidou para almoçar na casa
dela e nesse dia era feijoada.
A
mãe dela era uma tremenda cozinheira Naquele dia ela fez uma feijoada que estava uma loucura de gostosa.
De tanto que estava boa eu fui atacando de tudo um pouco. Tinha lingüiça frita,
farofa, torresmo e tinha também aquela pururuca. Foi nessa pururuca que eu me
dei mal. Teve uma hora lá que eu dei uma mordida tão forte no negócio que o meu
pivô ( aquele que eu comentei com vocês que eu ganhei quando eu cai da
bicicleta) voou e foi parar justamente dentro do prato do meu futuro sogro. O
pessoal ao ver aquilo começou a dar risada... Meu! Eu não sabia o que fazer. Eu
não sabia se eu corria, se eu enfiava a mão no prato do sogrão para pegar a
prótese, se eu colocava a mão na boca para tampar o enorme buraco, e não sabia
se ia embora, se ficava e pedia desculpa pro tiozinho... Olha! Naquele dia eu
passei uma vergonha daquelas viu.
-
E o pai da menina? Ele não falou nada. Perguntou a colega da recepção.
-
Falar ele não falou não. Ele até que foi legal comigo. Ele tentou me ajudar,
mas com a vergonha que eu estava eu dei um jeito rapidinho de ir embora para
minha casa.
Depois
de um tempinho eu terminei o namoro com a garota e cada um foi para o seu lado,
mas aquele dia lá na casa dela, eu
jamais vou me esquecer. Só não foi mais engraçado porque foi comigo.
Edilson
Rodrigues Silva