O
Afonso era daquele típico pacato
cidadão. Entre tantas coisas emocionantes que ele gostava de fazer na vida era
de pescar. Ele adorava uma boa pescaria.
Só
que havia um problema. Da mesma forma que ele amava pescar a esposa dele
detestava não só a pescaria, mas o peixe também.
Certo
dia o Afonso resolveu, sem comunicar a esposa dele é claro, acompanhar um grupo
de colegas de trabalho que tinham programado uma pescaria noturna em alto mar.
Ele
pensou: Eu vou com o pessoal, a gente pesca um pouco e quando for lá pela meia
noite eu volto para casa e digo para a mulher que eu tive um problema com o
carro e que eu levei um tempão para eu conseguir fazer o possante funcionar.
Resumindo:
O projeto era inventar uma boa desculpa qualquer só para poder participar
daquela inédita experiência em alto mar.
Não
deu certo. A pescaria demorou muito mais do ele imaginava porque o motor do
barco onde a equipe estava deu uma pane e a embarcação ficou a noite toda a deriva.
O
grupo de pescadores só foi resgatado lá pelas cinco horas da manhã depois de
muitos pedidos de socorro via rádio.
Como
a esposa do Afonso estava mais para Pit Bull do que para Poodle, o homem ficou
bastante preocupado. Naquela altura a única coisa em que ele conseguia pensar
era em como dar um jeito de justificar aquela demora injustificável. E bota
demora nisso. Ele colocou a cabeça para pensar e depois de gastar
neurônios e mais neurônios ele acabou
arrumando um boa desculpa que, no entendimento dele, o livrara da fúria da sua calma e tranqüila esposa.
Sem
perder mais tempo o rapaz pegou o telefone e ligou para a esposa:
Assim
que a companheira dele atendeu o aparelho ele começou a gritar:
-
Amor!...Amor!...Agora está tudo bem... (muito ofegante)... Não precisa mais pagar o
resgate... (chorando e muito emocionado, mostrando um misto de alívio e euforia
o homem continuou)... Eu consegui fugir do cativeiro!...Eu estou livre!...Livre!...Eu
consegui fugir amor!...
Edilson
Rodrigues Silva