Ela sempre passava por alí, embora só tivesse dezesseis anos ela era vaidosa e de certa forma um pouco insegura. Quando passava por lá os rapazes que trabalhavam na oficina e, que ficavam sentados na calçada descansando por conta do horário de almoço, quando percebiam que ela estava se aproximando preparavam-se para a azaração.
Quando ela passava pela calçada, mesmo que do outro lado da rua, ela morria de vergonha. Entretanto, não havia saída era o caminho mais curto para chegar até à sua casa.
Algumas vezes alguém dizia:
“ Oi gracinha! Que pernas de saracura lindas você têm” ou “ lá vem a gracinha com as pernas de saracura mais lindas que eu já vi”
Ela não sabia bem o porquê, mas naquela idade ela gostava de ouvir aquelas coisas. Como ela não recebia muitos elogios, ela gostava dos poucos que recebia e, por outro lado, ela achava aquele nome – saracura - um nome bonito. Só mais tarde, lá por volta dos seus vinte anos de idade é que ela ficou sabendo que saracura é uma ave pantaneira que têm as perninhas bem fininhas.
Nem precisa falar que ela ficou bastante triste e profundamente decepcionada com está tardia revelação.
Edilson Rodrigues Silva