Entretanto, agora, com a crise financeira mundial a chance estava lá. Cortar gastos era o que todo mundo estava fazendo,e com eles não iria ser diferente, isso foi fundamental para a conquista daquele grande cliente.
A campanha já estava pronta e ela estava m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a, um show, um espetáculo. Ora, eles tinham que reconhecer: A campanha estava belíssima, o cliente ia adorar tudo que tinha sido feito, é uma campanha inteligente, eficaz, bem humorada e bastante criativa. O público, então, nem se fala, eles iriam amar o jingle. A música era daquelas que a gente fica cantando a semana inteira, bem grudenta, levaria anos para ser esquecida. Como se isso fosse possível, é claro!
Agora, era só fazer a apresentação e assinar o contrato. Para evitar surpresas desagradáveis, era importante reservar o vôo com antecedência porque a cidade do Rio de Janeiro era o destino de muitos turistas e era ariscar demais deixar para resolver tudo na última hora. Com certeza, se ficasse para resolver depois, a chance de alguma coisa dar errado seria muito maior.
A passagem de avião não deu para reservar, estava tudo lotado por causa da alta temporada. Agora, era tentar o ônibus leito. Ele foi e reservou um ônibus que sairia de São Paulo à noite e chegaria ao Rio de Janeiro logo nas primeiras horas do dia. Ia dar tudo certo, não haveria problema nenhum.
Como ônibus leito é maior ia dar para dormir e descansar bem a noite inteira. De manhã, ao chegar, era só dar uma passada no hotel, tomar um banho e depois seguir para a tão esperada apresentação.
Na plataforma de embarque, ele verifica se está tudo certo: Contrato, computador, arquivo com a apresentação.. Cadê o arquivo com apresentação da campanha? Liga para a esposa e, com urgência, pede para ela trazer até a rodoviária o arquivo com a apresentação que ele havia esquecido no bolso do paletó.
Com mala, mochila e tudo mais ele vai encontrar-se com a esposa. Pega com ela o material que estava faltando e retorna rapidamente para a plataforma, estava em cima da hora, o ônibus partiria dentro de poucos minutos.
Ele corre, corre, cai, levanta-se e, ofegante, chega ao local onde o ônibus, já com o motor bem aquecido, estava prestes a partir rumo a cidade maravilhosa e, também, rumo ao seu sucesso porque, m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a também seria a sua carreira de agora em diante: Contratos fabulosos, contas invejadas por todos os concorrentes, fama e sucesso. Enfim, uma celebridade no seleto mundo da publicidade...
Volta à realidade e diz ao motorista:
Ufa! Quase perdi esse ônibus, não poderia perder esta viagem por nada. Obrigado Senhor! Cuide bem de toda a minha bagagem. Entrou no ônibus e acomodou-se.
Chiiiiiiiiiii! Chiiiiiiiiiii! O ônibus para na plataforma, foi uma viagem longa sem paradas demoradas e tudo havia transcorrido bem.
Ao chegar foi informar-se sobre o melhor jeito de chegar ao hotel Copacabana Palace:
- Senhor, Por favor, o senhor poderia me levar até o Copacabana Palace?
- Copacabana Palace? O taxista, já meio atordoado com a pergunta, parou, pensou e respondeu:
- Se tivesse sido ontem daria para eu levar o senhor, mas hoje não dá não.
Hoje, o senhor não pode, Por quê?
Porque eu tenho um compromisso inadiável aqui no centro de Vitória, coisa de pensão alimentícia. O senhor sabe como é né, se não aparecer dá cadeia. É por isso é que eu não posso levar o Senhor até o Rio de Janeiro.
Edilson Rodrigues Silva
