Em toda família tem aquele ou aqueles churrasqueiros de final de semana. Sempre é a mesma coisa. Só ficam contando vantagem a respeito dos churrascos que eles fazem:
- Igual ao meu churrasco nem gaúcho faz!
- A minha carne assada é de profissional!
- O meu espeto é o melhor da região!
Naquela família também não era diferente. Lá tinha o tio Juca, ele sempre tinha o hábito de monopolizar a churrasqueira tanto para assar quanto para comer. Para encontrar o tio Juquinha, era assim que ele era mais conhecido, era só seguir a fumaça.
Não só ele como os outros homens também. Conversavam sobre quase tudo: Futebol, Mulheres, Política, esportes em geral e, de vez em quando, entravam no campo espiritual. Mas, no geral estes temas dominavam a maioria das conversas, de vez em quando os ânimos se acirravam e surgia um bate boca mais exaltado por causa de um gol roubado para o time adversário, por causa de dinheiro na cueca e assim vai.
O churrasco ia muito bem. No entanto, naquele dia o tio Juquinha já tinha exagerado bastante na bebida e ele já estava bem prá lá de Bagdá, ele já estava até elogiando o Richarlyson e Rogério Ceni do São Paulo, coisa inadmissível para um corintiano preto de tão roxo. De repente o carvão ficou meio baixo, ele pegou mais carvão e foi acender para depois assar a picanha que havia ficado por último, ele soprou uma vez e nada. Soprou de novo e: Vuuuuch!
O bafo dele estava tão carregado de vapor alcoólico que na hora formou o fogo, rapidamente a chama correu pelo rosto dele até atingir o cabelo. Como o cabelo dele era do tipo Black, igual ao do Michael Jackson no início de carreira, o fogo começou a espalhar-se com muita facilidade. O tio Juca, gritando muito, começou a pular de um lado para o outro desesperado, o tio Joel e o primo Daniel ao verem o cabelo do tio Juca pegando fogo, sem pensar duas vezes, pegaram as jarras de suco que estavam sobre a mesa e jogaram na cabeça do Juquinha. Isto foi o suficiente para apagar o fogo. Depois do susto o tio Juquinha ficou bem docinho, quero dizer bem calminho, com um buraco na cabeleira, mas bem calminho.
Edilson Rodrigues Silva