Não mesmo! Nem em sonho! Coxinha igual as que a vó Marlene fazia não havia igual no mundo inteirinho. Ela se lembrava muito bem que, desde quando ela era criança a vó Marlene, também conhecida como vó Lene, fazia aquelas coxinhas maravilhosas. Em especial ela se lembrava muito bem daquela coxinha que vinha até com o osso da coxa da galinha. Hummmm! Que delícia. Era de lamber os beiços.
Naquele domingo a mãe dela, que era a filha da vó Lene, estava comemorando vinte e cinco anos de casada e, como não poderia faltar, lá sobre a mesa estava uma enorme bandeja com aquelas deliciosas e gostosas coxinhas.
Ninguém pegava nada, ficavam todos babando e esperando a hora de atacar aquelas delícias. A coxinha da vó Lene era definitivamente especial: Recheio farto e bem temperado, massa muito fina que desmanchava na boca e, mesmo que a pessoa comesse cinqüenta delas, ela ainda queria comer mais.
Diante daquelas delícias não é de se espantar que entre os convidados existissem aqueles que tivessem um olhar fixo e uma distância bem interessante da mesa onde ficavam os deliciosos quitutes. Entre as predadoras estava à cruel tia Odete, tia fria e calculista que, nas festas anteriores, de minuto em minuto esticava o braço na clara missão de dizimar e aniquilar a travessa de salgadinhos deixando os demais morrendo de vontade de degustar os deliciosos bolinhos de galináceo.
Assim que o salão de festas abriu o terror tomou conta dos presentes, a tia Odete logo foi se posicionar estratégicamente junto à bandeja dos concorridos quitutes, fazendo uma marcação cerrada, parecia zagueiro em final de copa do mundo. Armando-se de uma cadeira de plástico, mais que depressa estacionou numa das pontas da mesa – bem ao lado das deliciosas coxinhas -.
Para o bem da nação e para o azar da tia comilona a cadeira na qual ela estava sentada quebrou, como as outras cadeiras já estavam ocupadas, ela teve que sentar-se num sofá que estava mais distante. Assim, a tia Odete, o terror das coxinhas, teve que se conformar em sentar-se num sofá que ficava ao lado da agora, não menos gostosa, mas assustada torta de palmito.