Ela pensou: aquele Ano Novo prometia. Se todo o ano novo fosse tão legal como estava prometendo começar aquele, com certeza, ia ser um ano esplêndido. Ela e o namorado estavam passando a virada do ano num condomínio fechado que ficava no litoral Norte de São Paulo. Lá eles iam, entre outras coisas, acompanhar a grande e tradicional queima de fogos que há alguns anos era tradição na região.
Os jovens nunca tinham presenciado aquele evento. Sabendo disso o primo dela os convidou para que eles pudessem ver o quanto era legal. Sem pensar duas vezes eles aceitaram o convite.
Quando foi no dia 31, o condomínio fez uma decoração maravilhosa na praia. Tudo estava lindo: os quiosques, a iluminação com tochas havaianas. A decoração das mesas com frutas e flores era uma coisa à parte, pois além de estarem deslumbrantes, davam um clima muito romântico ao local. Parecia um sonho. Pensava ela.
Olhando aquela festa eles estavam com a sensação de que não tinham viajado para o litoral de São Paulo e sim para os mares do sul. Tudo estava perfeito. Enfim, o povo reunido ali, todo mundo vestido de branco. O povo era só animação e felicidade.
Os moradores esperavam a contagem regressiva e a grande queima de fogos com uma certa dose de ansiedade. Com o casal de pombinhos não era diferente. Eles também estavam na expectativa e muito curiosos já que ambos nunca tinham visto nada semelhante.
Para amenizar a espera e a ansiedade eles ficaram namorando sentadinhos num troco que ficava próximo a uma moita de coqueiros. Ali, naquele local um pouco mais afastado, eles observavam a movimentação e a agitação das pessoas. E foi assim até que o grande momento chegou:
...sete...seis...cinco...quatro...três...dois...um...Êêêêêêê!...Feliz Ano Novo!...Imediatamente ouviu-se:
- Tuuuuuuchhhhhhh! ...Bum! ... Bum!...Bum! ...Eles levaram um susto tão grande que chegaram a cair no chão, em seguida se levantaram e começaram a correr mais que queniano na São Silvestre. Só quando eles se afastaram do local é que eles perceberam que eles estavam sentados bem ao lado da bateria de fogos, pois aquelas folhas de coqueiro estavam ali justamente para dar uma disfarçada e dar uma decorada no local.
Naquele ano eles puderam dizer de boca cheia e, ainda um pouco assustados, que aquele Ano Novo, para eles, tinha sido um verdadeiro estouro.
Edilson Rodrigues Silva
