- Bi! Bi!...Bi! Bi! O motorista que havia parado ao lado dela no semáforo começou insistentemente a chamar a atenção dela dando pequenos toques na buzina do veículo dele.
Ela, que a princípio não tinha se ligado e diante das constantes buzinadas do veículo ao lado ela olhou para ver quem era. Assim que ela viu quem era logo pensou: Eu não acredito. Infelizmente, tenho que admitir: É fim de carreira mesmo.
De manhã ela entrou numa loja e pediu para a vendedora pegar uma blusinha. A vendedora, com certo ar irônico, perguntou: É para a senhora mesmo? Ora bolas! O que aquela umazinha estava querendo dizer com aquilo? Só isso já havia deixado ela muito chateada. Agora aquilo.
Naquele dia em especial ela estava sentindo-se assim, mais sensível, principalmente para essas coisas do universo feminino. Quem sabe isso não seria conseqüências da meia idade. Depois do almoço ela passou no cabeleireiro deu uma ajeitada nas pontas e retocou a tintura. O que ela queria mesmo era um jeito de retocar a auto estima que insistia em fugir dela. Ao passar pela calçada onde estavam sentados os operários de uma obra ninguém mexeu com ela. Isso mesmo! Ninguém. Só faltou ela voltar e chamar a atenção dos operários e falar assim:
- Meninos! Vamos acordar meus fofos, olhem eu estou passando, p-a-s-s-a-n-d-o, entenderam?
Esse outro fato veio a somar com o primeiro e isso só aumentou o seu mal estar. Á tarde ela trabalhou normalmente. Bem, tentou. Não estava muito animada com os acontecimentos do dia. Quem sabe se eu fizesse Ioga, quem sabe natação, Tai Chi Chuan, dança de salão..Bem, depois do expediente vou dar uma passada na academia e ver o que posso fazer. Mais animada, ela, agora, enxergava novas esperanças para o futuro.
No final do dia, pegou o carro e dirigiu-se para a academia. No quarto semáforo ela ouviu as buzinadas:
- Bi! Bi!...Bi! Bi! O motorista que havia parado ao lado dela no semáforo começou a buzinar insistentemente para chamar a atenção dela.
Ela, que a princípio não tinha se ligado e diante das constantes buzinadas do veículo ao lado olhou para ver quem era. Assim que ela viu o tiozinho do carro da funerária buzinando e fazendo caras e bocas ela pensou: Eu não acredito. Infelizmente, tenho que admitir: O negócio está muito complicado, é fim de carreira mesmo.
Edilson Rodrigues Silva
