Ele jamais imaginou ver tanto Arlindo junto no mesmo lugar. Naquela prova do concurso para Oficial de Justiça do Estado de São Paulo, tinha Arlindo de todo jeito. Era Arlindo disso, Arlindo daquilo e só de Arlindo com o nome exatamente igual ao dele, tinha pelo menos uns cinco. Os xarás estavam, justamente, sentados ali bem próximos a ele.
Ele ficou ali observando um por um e ele pensava o seguinte: qual daqueles Arlindos que estavam próximos a ele que seria o picareta que não havia pagado a pensão alimentícia e fez com que ele tivesse um pedido de empréstimo bancário recusado porque o seu nome estava constando como sujo no Serasa e no SPC. Na verdade não era ele, e sim um daqueles malandros ali.
Ele olhava um e pensava: esse não! Esse daí tem cara de gente boa. Aquele ali sim, o sujeito tem um jeitão de quem é do time do pessoal que diz: “ devo e não nego e pago quando puder” e e acabava não pagando nunca...Enfim, era uma situação bastante inusitada. O fato é que ele precisou de um dinheiro extra e acabou não conseguindo por causa dum Arlindo, que com certeza, não era ele e sim outro Arlindo qualquer. Mais tarde a moça que estava responsável pela sala, ao ver uma pessoa ir embora sem levar o caderno de respostas perguntou:
- Arlindo? Você não vai levar o caderno de resposta do concurso? Ele é importante para você conferir o gabarito da prova.
Muitos outros Arlindos que estavam na sala, imediatamente, esboçaram responder pensando que a moça havia falado com algum deles.
Quando deu o horário para que as primeiras pessoas pudessem sair da sala, um dos rapazes, saindo da sala, disse em alta voz:
- Tchau Arlindooo!
Não teve um que não olhou e muitos ainda responderam. Por que será?
Edilson Rodrigues Silva