- A culpa é do senhor! Reclamou a mulher.
- Como assim a culpa é minha? Eu só estou aqui fazendo o meu trabalho. Eu não tenho nada a ver com isso.
- A semana passada eu fiquei muito triste depois que eu passei aqui. Sempre é assim. Eu estou bem, estou numa boa e, depois que eu passo aqui, eu fico triste e deprimida. Com certeza, o senhor tem culpa no cartório.
- Minha senhora isso é uma injustiça! Eu só faço o meu trabalho e eu volto a afirmar que eu não tenho nada a ver com o estado de espírito da senhora.
- Agora o senhor está querendo tirar o corpo fora né? É claro que o senhor tem a ver com isso sim senhor. E tem mais, não é só o senhor não! Vocês são os culpados! Você e essa uma aí.
- Pronto! Agora complicou de vez. Eu já não estou entendendo mais nada. A senhora está passando bem? Tem alguma coisa que eu possa fazer pela senhora?
- Tem sim senhor! O senhor poderia arrumar direito essa balança porque ela sempre fala que eu estou gorda. E isso não é verdade. Se ela continuar assim, com defeito, todos os dias em que eu me pesar aqui eu vou ser obrigada a reclamar.
- Minha senhora, a balança só indica o que ela registra. Se ela mostra um determinado peso é por que... O rapaz foi tentar explicar o funcionamento do equipamento... Não senhor! Eu tenho uma balança lá em casa e ela não marca igual a essa. Essa daqui é que é a balança quebrada.
- Então minha senhora, se a senhora não se incomodar eu vou passar lá em casa e pegar a minha barraca, pois acho que vou ter que morar aqui.
Edilson Rodrigues Silva