Eles eram terríveis, não perdoavam ninguém, aplicavam o golpe sem dó nem piedade. Podia ser pobre ou rico, jovem ou idoso, homem ou mulher.
O golpe era o seguinte: Anunciavam num jornal de grande circulação que faziam consertos e instalações elétricas na casa das pessoas. O plano era colocar um homem dentro da casa de preferência um homem humilde, simples e acima de qualquer suspeita. Quando ele já estava a par dos detalhes da casa ele passava todo o serviço para o resto da quadrilha.
Na data marcada o eletricista que estava fazendo o serviço na casa facilitou a ação dos comparsas. Eles acabaram levavando tudo que poderam. Não praticaram nenhum tipo de violência física porque procuravam roubar a residência quando não havia ninguém em casa.
Certo dia eles receberam um pedido de serviço de um senhor bem distinto. Este cliente queria que eles reformassem a instalação elétrica de toda casa porque ela já estava velha e estava dando problemas.
Prontamente, vendo ali mais uma chance de se dar bem, aceitaram fazer o serviço. Ao chegar à casa o eletricista logo percebeu que aquele homem era diferente. Ele conhecia aquela fisionomia de algum lugar e aquele jeito de falar também, ele só não se lembrava de onde, mas ele o conhecia sim.
Observando em detalhes o interior da casa ele logo associou as coisas, aquele cidadão era um pregador, um pastor famoso da televisão, bem que ele tinha notado alguma coisa diferente.
Falou com os comparsas que desta vez não ia dar para fazer o serviço não. Nem adiantava insistir! Dizia ele. Não tem choro e nem vela, não vou fazer e pronto. Se alguém ousar fazer qualquer coisa para aquele homem tenho certeza que esta pessoa vai se dar muito mal, vai entrar pelo cano, a casa vai cair para ele. Dar o golpe nos outros era rotina, mas com Deus não se brinca não. Eu não quero ir para o inferno não. A minha conta com Deus já está grande demais, Já tenho muito pecado para pagar e, se eu me meter com este homem ai que a vaca vai pro brejo de vez.
Diante de tanto respeito e de certo temor o restante da quadrilha não teve outra opção a não ser acompanhar o respeitoso e religioso marginal.
Edilson Rodrigues Silva
