Ela ia se casar! Era incrível. Ela não estava acreditando que aquele dia, até que enfim tinha chegado. Depois de tantas batalhas. Ela teve que brigar com todo mundo por causa daquele que era o homem da sua vida. Apesar de viver numa cidade pequena, houve momentos em que ela teve que dar uma de maluca. Quando tratava-se de brigar por causa daquele homem, com ela não tinha cerimônia não. Não podia dar sopa que a caipirada – que de caipira elas não tinha nada - logo, feito formiga no açúcar, vinham dar em cima do homem dela.
No dia do casamento a família dela cuidou de tudo na medida do possível. Eles procuraram fazer de tudo para que o casamento fosse perfeito. Tudo estava muito bem organizado e seria espetacular. No entanto, quando foi à hora de entrar no carro do pai para ir a igreja, o velho opalão misteriosamente não deu partida de jeito nenhum. Tentaram fazer pegar no tranco e nada.
Foi aquela loucura.
- E agora como é que nós vamos levar ela para a igreja? Perguntou um dos irmãos.
- Tem a charrete do seu Cardoso. Lembrou o outro irmão.
- Mas de charrete não vai dar tempo. Nós só chegaremos lá na igreja depois de meia noite. Comentou o um tio da moça.
- Então, vou falar com o compadre Vicente pra ver se ele leva a gente de carro ou empresta o carro dele prá nóis. Disse o pai.
Chegando a casa do Compadre Vicente:
- Compadre Vicente, o senhor pode levar a gente até a igreja lá na cidade?
- Ô compadre infelizmente não vou poder ajudar porque um dos meninos levou o carro para fazer um serviço lá na cidade e ainda não voltou.
- Ai meu Deus! E agora como eu vou levar a menina na igreja? Vou correndo pedir a charrete do compadre Cardoso. Disse o pai.
- Olha compadre. Num sei se ajuda ou não, mas pode pegar o meu trator. Acho que ele é um poquinho mais rápido que os cavalos do compadre Cardoso. Só tem um problema. Disse o compadre Vicente.
- Qual problema compadre?
- É que ele solta um pouco de fumaça! Ele é meio velhinho, mais é forte que nem touro e rápido que nem alazão.
- Num tem problema não compadre, a menina coloca um lenço no rosto e assim a gente vai chegar lá na igreja rapidinho. Brigado compadre! Deus abençoe o senhor! Vou pegar o trator.
- A noiva chegou na igreja com o rosto e o vestido sujos por causa da fumaça preta que saia do trator. Só a parte da boca e do nariz estavam da cor original da sua pele, graças ao lenço que ela usou para não respirar a fumaça preta.
Aquela sim tinha sido uma chegada forte e de impacto. O casamento dela foi muito comentado pelo povo e certamente não será esquecido tão rápido.
Edilson Rodrigues Silva