Mesmo as pessoas que moravam no bairro vez ou outra se assustavam com aquela figura monstruosa. Sempre era a mesma coisa, era só virar a esquina à direita, dar de cara com ela, e se assustar com a monstruosa figura.
Mesmo depois de tantos e tantos anos ninguém se acostumava com aquela imagem. A noite então era muito pior. Por causa da iluminação fraca que atravessava ás árvores a figura tenebrosa ficava ainda mais em evidência. Passar por ali á noite a pé ou mesmo de carro era só para os mais fortes. Até os cachorros estranhavam a apavorante figura. Poucos cães tinham coragem de marcar território ali.
A forma monstruosa que ela tinha lembrava uma criatura muito feia que parecia estar com os braços abertos e com as mãos armadas sempre prontas para atacar quem passasse próximo a ela.
Tudo isso era causado pelo tronco daquela Quaresmeira que era uma velha árvore que o avô da Dona Aurélia havia plantado. Como era uma árvore muito antiga o tronco dela era bem gordo e tinha uma forma muito expressiva. O troco da árvore mais parecia um monstro saído das lendas do interior do Brasil, assim como o chupa-cabras ou o E.T. de Varginha.
Entretanto, quando chegava no mês de fevereiro a velha árvore explodia numa belíssima florada e o seu aspecto ficava bem mais amigável.
Certa vez a Dona Aurélia até pensou na possibilidade de pintar o troco da árvore de branco. Quem sabe os sustos diminuiriam, pensou ela. Mas ficou só na intenção mesmo porque ela ficou preocupada. Se ao natural já estava assustando e provocando tanto medo nos moradores e visitantes imagina se ela pintasse de branco, ia ser um enfarte atrás do outro.
Edilson Rodrigues Silva