Ele era o máximo, pedalava como ninguém. Na ciclovia estava sempre pronto para disputar uma perseguição ou uma corrida de resistência. Quando não havia motivo aparente ele disputava só para manter o ego lá em cima. Perder e ficar para trás. Jamais! Isso ele não admitia de jeito nenhum, dava tudo para sempre chegar à frente. afinal de contas ele era ou não o melhor da ciclovia.
Descer a pista sem usar as mãos além de descanso para o tronco era um momento de exibição. Estão todos apreciando a minha exibição o meu desempenho a minha velocidade e resistência, era isso que ele pensava.
Aquele dia estava lindo, um sol maravilhoso a ciclovia cheia e no banco uma turma de garotas que estavam observando os rapazes pedalando. Quando um bonitão atlético passava elas diziam:
Hummm! Que pernas! Que músculos! Ê lá em casa!
Embora tímido aquilo era um fortificante para o ego de qualquer mortal e isso lhe dava uma energia extra tanto nas pedaladas quanto na imaginação. Ele passou na frente das garotas uma vez, passou outra vez e sempre as meninas o elogiavam. Resolveu fazer uma exibição mais radical. Existiam ali algumas lombadas que eram justamente para limitar um pouco a velocidade das bicicletas porque ali também circulavam pedestres.
Ele pegou uma velocidade maior e saltou a primeira lombada. Saltou alto e com vigor. Foi para a segunda. Saltou muito bem também. Foi até o final da pista e voltou com uma velocidade maior ainda, quando ele foi tentar passar pela primeira lombada ele pegou um mega impulso e, quando foi na hora da aterrizagem:
PLOFTTT! Ele estatelou-se naquele asfalto que era como lixa de pé, deslizou por alguns centímetros o suficiente para fazer algumas luxações no joelho e também no bumbum.
Como a roda da bicicleta ficou torta por causa do choque, ele teve que carregá-la. Devagarinho, mancando e com uma forte dor, principalmente no bumbum, o qual ficou bem ferido e ventilado, ele foi embora sem olhar para trás.
Edilson Rodrigues Silva
