Para ele esse negócio de revólver era um barato muito violento.
Ele preferia, como ele mesmo dizia, fazer o trampo na moral.
Como ele não era nenhum vacilão ele só abordava mulheres. A técnica era a de sempre: era falar com firmeza e fazer com que a vítima pensasse que ele tinha uma arma embaixo da roupa.
Ele abordou uma senhora que estava com o vidro do carro aberto:
- Com licença senhora, Bom dia!...Silêncio. Isto é um assalto! Isso ele dizia mostrando com os olhos o dedo esticado por debaixo da blusa simulando uma arma. Quieta!...Sem escândalos, rapidinho passe a bolsa e a carteira... No meio do "trabalho" o celular dele tocou. Ele deu uma olhada para ver quem era e logo atendeu:
- Alôôôô! Oiííí amor! ...Tudo bem com você?... Comigo tá tudo legal.. Só peguei um pouco de trânsito aqui no centro e... Comentava o meliante com a esposa dele.
...Só mais um minuto senhora... Ele interrompeu a conversa com a esposa para dar uma satisfação a "cliente"... Hã!...O quê?...Leite desnatado!...O que é isso?...É esse o leite que o Paulinho toma. Ah! Tá bom! Depois que eu sair do "trabalho" eu passo no mercado e compro o leite... Tchau! Um beijo amor.
Voltando às atividades ele disse:
- Desculpe-me senhora sabe como são as mulheres elas falam prá caramba e,... Ploft! Plaft! Pluft! Ele começou a levar bolsada de tudo quanto era direção. A mulher que estava no carro, num acesso de raiva, ficou muito revoltada e indignada, não com a demora do meliante em finalizar o ato delituoso, e sim, pelo fato dele estar mentido daquela jeito tão sem vergonha tanto para a esposa quanto para o Paulinho. Enquanto ela enchia o marginal de pancada, quero dizer, de bolsadas ela dizia:
- Seu sem vergonha!...Vagabundo!...Onde já se viu mentir assim para a sua esposa. Ela está lá em casa tomando conta do Paulinho e pensando que você está trabalhando e você está aqui na rua roubando às pessoas... E toma mais isso!...Essa é pelo Paulinho! Tadinho do menino ele não merecia ter um pai que nem você...
Edilson Rodrigues Silva