Ele estava desesperado. Era sexta feira,
dia dos namorados, o trânsito estava gigantesco em São Paulo. O dia tinha sido
muito agitado e ele acabou se atrasado para o compromisso do final da tarde.
Agora, ele tinha em mãos uma missão quase impossível: no meio daquela baita
tempestade e daquele trânsito calmo e tranqüilo de São Paulo, chegar ao
aeroporto em menos de uma hora. Ele tinha que ir até Cumbica para pegar a
namorada dele que estava voltando de uma viagem à Europa.
Estava um temporal daqueles e ali,
numa Avenida de Bairro de periferia, onde em dias comuns já não passava muito
táxi, ele pensou: com esse aguaceiro danado pode esquecer. Passar um táxi, aqui, e agora, nem com oração forte.
Ele já estava perdendo as últimas
esperanças. Quando, por um gigantesco milagre, do nada, apareceu um táxi que
aos olhos dele, o veículo ficou todo iluminado com aqueles raios
característicos de filme religioso quando acontece uma revelação divina. Esse
táxi mais que abençoado encostou junto ao meio fio e de lá de dentro do automóvel
saiu uma distinta senhora com um cãozinho nos braços.
Aquela abençoada mulher tinha parado
ali para levar o animalzinho dela ao veterinário cujo consultório ficava
exatamente ao lado de onde ele estava. Aquela moça, na verdade, uma verdadeira
anja, mal sabia que naquele dia tão conturbado ela tinha salvado não só o
cãozinho dela, mas também o relacionamento dele.
Edilson Rodrigues Silva