Naquele escritório o Oliveira sempre
foi visto como um cara compreensivo, companheiro e amigo de todos. Isso foi
assim até aquele inesquecível dia.
O Oliveira como sempre era o primeiro
a chegar ao escritório. Ele já estava sentado quando Plafttt! Passou uma das
suas colegas de trabalho e deu uma bolsada nas costas dele e depois disse:
- Safado! Sem vergonha!
Ele, sem saber o que é que tinha
acontecido, embora surpreso, ele permaneceu ali na mesa dele sem reação
nenhuma. Em seguida a funcionária que todos os dias fazia o favor de trazer o
pão para ele, como um verdadeiro jogador de futebol americano, arremessou o pão
sobre a mesa dele e disse:
- seu cafajeste desalmado!
Agora o negócio estava mais confuso
ainda. Ele não tinha a menor idéia do que estava acontecendo, mas não demorou
muito para ele viesse a ter a certeza absoluta que estava acontecendo algo
muito grave. A gerente dele entrou na sala e logo foi falando:
- Mentiroso! Falso! Sem coração...
- Pêra aí! Pode parar? Alguém aí pode
me dizer o que é que está acontecendo aqui? Protestou o Oliveira.
- O que está acontecendo seu canalha?
Onde já se viu fazer isso com a sua dedicada esposa e com as suas crianças. Olha lá o que é que
está acontecendo. A casa caiu Oliveira.
Nisso a gerente dele abriu a janela e
mostrou para ele o que estava acontecendo.
Lá embaixo, na calçada bem em frente à
firma em que ele trabalhava estava uma mulher com uma criança no colo e ela
parecia completamente desequilibrada. Ela gritava como uma maluca dizendo
coisas do tipo:
- O Oliveira nos abandonou... O
Oliveira não paga a pensão do Robertinho há mais de dois meses. O Robertinho
está doente por que ele vive chamando e sofrendo por causa da falta do pai...
Continuava a mulher.
- Está vendo o que aconteceu seu duas
caras! Canalha! Você não tem vergonha?...Falou a gerente... Mas!...Dona
Beatriz!...Eu nem conheço essa mulher! Justificou-se o Oliveira.
- Tá vendo? Homem é tudo igual. Faz a
mulher de gato e sapato e depois pensa que pode jogar fora como se fosse
lixo... Alterada a gerente soltou o verbo pra cima do Oliveira.
- Dona Beatriz só um instante! Eu vou falar com essa mulher. Tenho
certeza que tudo isso não passa de um gigantesco mal entendido. Só pode ser
isso.
- Eu vou ficar aqui olhando. Se você
usar de violência com essa pobre aí você vai se ver comigo Oliveira. Disse a
gerente dele.
Depois de instantes o Oliveira
retornou.
- Ufaaa! Prontooo! Disse ele.
- Pronto o quê? O que foi que você
prometeu pra coitadinha? Com que tipo de ilusão você enganou a moça dessa vez.
Aposto que você falou para ela que você ia deixar a sua esposa e as crianças. Todos eles fazem
isso. Cafajestes! Desabafou a inconformada gerente do Oliveira.
- Dona Beatriz não é nada disso. Eu só
levei a moça ali no escritório de advocacia que fica no edifício ao lado. É lá que trabalha o tal do Oliveira, o qual
ela estava acusando. Disse aliviado o grande Oliveira.
Edilson Rodrigues Silva