Ela sempre fazia o possível e o
impossível para ficar famosa. Ela se escrevia em tudo quanto era concurso de
beleza, participava de tudo quanto era programa de auditório. Ela não perdia
nenhuma caravana. Ela não perdia nenhum show, virada cultural, comemoração e
nem mutirão de limpeza escapava. Onde tivesse uma câmera ali estaria ela. A
fama era o objetivo a ser alcançado.
Querendo ser uma celebridade ela já
tinha feito curso de modelo, figuração de comerciais e até curso de
teatro. No Big Brother então, ela já
havia perdido as contas das vezes em que ela havia feito a ingrata inscrição.
Ela chegava até dar o ar da graça dela em missas e cultos religiosos
transmitidas ao vivo. Tudo para, quem sabe um dia, sentir o agradável gostinho
da fama.
Um dia quando ela passava pela Avenida
Paulista um repórter da TV a abordou e fez uma pergunta sobre o trânsito
caótico da grande cidade. Em incríveis 10 segundos de participação ela
conseguiu dar ao mundo uma impressionante opinião sobre o assunto. Para ela
aquela sublime participação mais que especial naquele telejornal do meio dia
tinha sido o ponto alto da carreira dela.
Agora, já com a certeza absoluta do
reconhecimento popular, ela seria uma estrela. Uma estrela não. Uma
constelação. Seria reconhecida na faculdade, no mercado, na feira e até na
borracharia. Enfim, agora, a tão sonhada fama batia e entrava de vez na vida
dela. Pensava ela.
Ela era só felicidade. Ela estava
saindo da farmácia quando uma pessoa a abordou.
- Hei! Você não é a Márcia Miranda?
Ela, já sentindo que ali, naquele
momento histórico, tudo passaria a ser diferente. Ali naquela pequena drogaria
começaria um futuro sem descanso. Um futuro tomado pelo assédio das massas. Ela
respirou profundamente e, com muita humildade, respondeu:
- Sim sou eu querida! Infelizmente eu não tenho caneta aqui ok!
Disse a mais nova celebridade da cidade.
- Tudo bem. Vem cá? Você não é Márcia
que estudou no Colégio General Osório? ... Má?...Você não está se lembrando de
mim? Sou eu a Valéria? A Val? Lembra? A
gente sempre sentava nos fundos... Nossa! Menina você não mudou quase nada...
Edilson Rodrigues Silva