- Vai seu Tonico, faz esse trabalho
para mim. Pediu a senhora.
- De jeito nenhum Dona Emília. A
senhora vai me desculpar. Apesar de eu trabalhar para a senhora e para a família
da senhora há mais de vinte anos, esse tipo de trabalho aí eu não vou fazer nem
morto. Respondeu o pedreiro.
- Por que não seu Tonico. É um
trabalho como outro qualquer.
- É nada!... Eu, é como diz o meu
pequeno, tô fora! Pode arrumar outro profissional.
- Seu Tonico, eu acho que o senhor
está exagerando. O senhor está com medo?
- Ôxente! Tô nada. Com cemitério não
se brinca não Dona Emilia. Lá eu só vou entrar morto. Ainda mais que o
administrador falou que ele só permite trabalho depois das seis da tarde.
Trabalho como outro qualquer?... Vixemaria!... Imagina só, eu ficar ali, á
noite, sozinho, no meio de toda aquela gente morta fazendo reforma de túmulo.
Eu heim... É cada uma que me aparece...
Edilson Rodrigues Silva