Assim que ele entrou na padaria um homem
muito mal encarado, e que ele nunca tinha visto nem mais gordo nem mais magro,
se dirigiu a ele e falou rispidamente:
- Amanhã quero ver você sem falta lá! Às
seis da manhã lá no campinho ao lado da pracinha! Não vai furar heim?
Ele, muito sem jeito, e sem saber o
que fazer resolveu responder para não dar mais assunto já que ele não conhecia
o cidadão que estava falando com ele.
- Ok! Não vou faltar não. Pode
deixar! As seis né? Ok! Respondeu ele.
- Se você não estiver lá amanhã no
horário combinado, você está fora! Vou te cortar! Ameaçou o estranho.
Ele havia respondido qualquer coisa,
mas ao mesmo tempo ele ficou muito preocupado. Ele pensou: afinal de contas quem
era esse cara? No campinho? Que coisa mais sinistra. Ele havia se mudado para
aquele bairro há pouco tempo. Ele não tinha inimigos. Ele começou a lembrar daquela
estranha situação e aquilo foi deixando ele cada vez mais angustiado.
Logo adiante, com a cabeça fervendo e
já cheio de receios ele parou na quitanda e comentou com o balconista o que
tinha acontecido lá na panificadora.
- Rapaz! Você está encrencado. É melhor
você se cuidar. Falou o homem da quitanda.
Foi aí que ele começou a ficar apavorado
de vez. Se ele ainda tinha alguma dúvida se aquele homem era amistoso ou não, ali,
no meio daquelas laranjas e bananas, tudo tinha sido revelado. Ele ficou gelado
e completamente tomado pelo medo.
- É melhor você se cuidar muito bem. O
Batista gosta de pegar pesado. Disse o quitandeiro.
- Batista? Pegar pesado? Ele é um criminoso?
Muito assustado perguntou ele.
- Criminoso? Não! O Batista não é um
marginal qualquer. Ele é o chefe da quadrilha local. Falou o homem da quitanda.
- O chefe dos bandidos! Exclamou ele
mais assustado ainda.
- Brincadeirinha! Pode relaxar. Eu
falei pra você cuidar bem da saúde, do físico. Era só gozação. O Batista é um
maluco aqui da vila. Ele não bate muito bem das idéias. Ele pensa que é um técnico
de futebol.
Edilson Rodrigues Silva
